Voz: Maria Teresa de Noronha
Já tarde, quando passava,
Ouvi alguém a gemer
Naquela rua sombria.
Era o Fado que chorava
Porque lhe foram dizer:
Mataram a Mouraria.
Ouvi alguém a gemer
Naquela rua sombria.
Era o Fado que chorava
Porque lhe foram dizer:
Mataram a Mouraria.
A Tradição condoída
Também chorava por ver
O amigo desolado
E dizia: É a lei da vida,
Vem o futuro a nascer
E vai morrendo o passado.
Também chorava por ver
O amigo desolado
E dizia: É a lei da vida,
Vem o futuro a nascer
E vai morrendo o passado.
O Fado já mal se ouvia,
Mas teve forças ainda
P’ra dizer às companheiras:
Mataram a mouraria
Velhinha, que foi tão linda,
Já não tenho quem me queira.
Mas teve forças ainda
P’ra dizer às companheiras:
Mataram a mouraria
Velhinha, que foi tão linda,
Já não tenho quem me queira.
Hei-de cantá-la mil vezes
Como souber, bem ou mal,
Ou eu não me chame Fado.
Enquanto houver portugueses
Ninguém diga em, Portugal,
Que vai morrendo o passado.
Como souber, bem ou mal,
Ou eu não me chame Fado.
Enquanto houver portugueses
Ninguém diga em, Portugal,
Que vai morrendo o passado.